quinta-feira, 28 de outubro de 2010

terça-feira, 1 de junho de 2010

Copa do mundo do Brasil

“Futebol não se aprende na escola, é por isso que o Brasuca é bom de bola”. Nessa música, Gabriel O Pensador narra a trajetória de Brasuca e Zé Batalha, unidos pelo sangue e separados pelo talento. Mergulhado na fama que o gingado de seus pés lhe dá, Brasuca conquista o mundo, enquanto seu irmão encara a realidade de nascer e crescer na favela. Dois lados de um Brasil: o do sonho e o da realidade.

A partir de junho vamos entrar nesse sonho e esquecer o Zé Batalha. Li esses dias um comentário de Nelson Rodrigues em que disse “a copa é a pátria de chuteiras”. De onde vem tanta paixão? Essa paixão me fascina. Reaparece de 4 em 4 anos de uma forma explosiva em todos os brasileiros. Faz surgir orgulho, superioridade, coragem e porque não dizer amor. Fiquei pensando nesse sentimento infantil e puro, capaz de mover montanhas. O País se une, perdoa, esquece. Talvez seja essa a representatividade da copa do mundo. A cada finta ficamos mais e mais esperançosos. Ser uma potência. Somos uma potência - do futebol. Esse sentimento nobre nos envolve e aflora toda a garra, a cada grito, a cada gol, comemoramos o dom, o simples dom do futebol arte.

Ser campeão é provar a plenitude de nossa alma. É rejubilar em meio ao caos. É abraçar o amigo outrora inimigo e oferecer-lhe uma cerveja gelada.

Olha o contra-ataque, o cruzamento de Kaká, Robinho chuta e o Brasil grita uníssono: GOL.

terça-feira, 20 de abril de 2010

Duas décadas e meia

Ah! Hoje é o meu aniversário! Eba! 20 de abril...

É, eu nasci em um momento de alívio e esperança quando finalmente os brasileiros sentiam o refrigério trazido pela queda do regime militar. Não senti os impactos da repressão, mas reconheço que não sabia o valor do dinheiro. Cruzado novo, cruzeiro, cruzeiro real, eram tantos zeros! Eu só queria um sorvete! Acho que por isso nunca fui boa em matemática. Quando veio o real, que alívio! Tudo pareceu tão simples que rezava para não mudar de novo.

Sem falar na tecnologia. O computador, telefone fixo, telefone celular, luxos restritos a poucos foram se espalhando numa velocidade incontrolável. E os desenhos animados? Caverna do Dragão, Capitão Planeta, Jonny Quest, Cavalo de fogo, Pica-pau, quando não esquecidos tiveram um "update" e foram relançados em versão pixelada.

Dou muitas risadas ao lembrar como fiquei extasiada ao ganhar o LP da Angélica. Apesar de todo o glamour do vinil, reconheçamos que ocupava um espaço descabido. Logo surgiu a fita cacete que foi rapidamente substituída pelos CDs. O boom da internet facilitou inegavelmente a vida de todos nós. Imagine só vovô, podemos baixar qualquer música, de qualquer lugar! E é essa a parte que eu adoro, a praticidade.

Vivemos em um cenário real de Jornada nas estrelas, com portas automáticas, vídeo conferências, hologramas e espero ansiosamente pelo tele transporte. Os filmes de ficção sempre foram um prelúdio do que o amanhã nos reserva. E que venha o futuro!

No reveillon sempre comemoramos o ano novo, paz, alegria, mas não nos damos conta de que estamos fatalmente ficando velhos. Isso é inegável, mas fazer o quê? Festa! E é pra lá que eu vou!

terça-feira, 13 de abril de 2010

Brasileiro, cidadão de papel

É intrínseco ao seu humano o desejo de justiça e liberdade. A partir desse conceito, lançam-se os fundamentos da cidadania. Ao olharmos ao redor, podemos notar nitidamente que uma sociedade ordeira e igualitária é utópico. Em vista disso, nos perguntamos: Será que nós, brasileiros oriundos de um sistema sócio-econômico tão desigual, podemos nos considerar cidadãos?

De acordo com a história do Brasil, atestamos que a existência dos direitos civis para ampla parte da população é recente. Voltando à época do descobrimento, os colonizadores impunham suas regras, língua e religião sufocando a liberdade dos índios. Até 1888, a escravidão não dava direito algum aos negros. Já no século XX, Getúlio Vargas teve um papel fundamental ampliando fortemente as leis trabalhistas. O direito ao voto feminino serviu de grande impacto para a mulher conquistar seu espaço na sociedade. A ditadura militar foi um período marcado por submissão total, sendo assim um período infrutífero para a exposição de idéias opostas ao regime em vigor. A partir dos anos 80, os ‘‘anos rebeldes’’, com a queda do regime militar os brasileiros respiraram aliviados e se tornaram esperançosos quanto ao futuro.

Em contra partida à liberdade de expressão, vêm os problemas sócio-econômicos que contribuem para a exclusão social. Nós brasileiros temos o direito de ir e vir, mas como exercê-lo livremente com uma criminalidade tão alarmante? Temos o direito ao voto, mas como exercê-lo conscientemente numa sociedade pobre em educação e corrupta? Temos as leis trabalhistas, mas como exigi-las sem receio num país de altos índices de desemprego? Temos o direito à saúde, mas as filas de esperas intermináveis tanto quanto a precariedade dos equipamentos do serviço público comprovam desrespeito à vida.

O brasileiro é o cidadão da burocracia. Apesar de nossos direitos estarem regularizados por lei, esbarramos em obstáculos que impossibilitam o pleno usufruto deles. Estamos em ano de eleição, momento propício para desbancarmos discursos eloquentes e nos focarmos em propostas maduras e viáveis que tragam resultados. Está mais do que na hora de criarmos políticas que saiam do papel e honrem o termo ‘‘cidadão brasileiro’’.

quinta-feira, 8 de abril de 2010

O analfabetismo funcional e o Brasil

Já dizia Machado de Assis: "A nação não sabe ler". Passados mais de 100 anos, os indicadores melancolicamente continuam a confirmar tal declaração. De acordo com o Indicador de Analfabetismo Funcional (INAF), 75% dos brasileiros são analfabetos funcionais. Isso mesmo, 3 em cada 4 brasileiros não sabem ou não entendem o que lêem. Esse dados são alarmantes, pois vivemos em plena sociedade do conhecimento em que a educação é a base para o desenvolvimento.

É imprescindível que a educação ande paralela com o ensino. Para a professora Cileda Coutinho da PUC-SP, "não adianta mudarmos currículos, fazermos projetos, se não trabalharmos tudo ao mesmo tempo. Projetos isolados não vão produzir resultados se não estiverem no bojo de um trabalho maior e contínuo". Princípios básicos como comer à mesa, noções de higiene, de música, de poesia, de dança devem fazer parte do currículo na primeira infância. A criança deve estar bem nutrida para assimilar os conhecimentos transmitidos, o que nos remete à necessidade de solucionar o problema da desnutrição no Brasil. A qualidade do ensino deve ser urgentemente melhorada. A atuação do professor é mister. O educador deve trabalhar tendo a visão de que os alunos tem diferentes níveis de aprendizado. Organizar situações simples de estímulo, como leitura em voz alta e em grupo, leitura com o objetivo de localizar dados para compará-los, sublinhar e listar as principais informações são de suma importância.

O analfabetismo funcional tem forte apelo político, pois é frequentemente associado à criminalidade, desemprego, explosão de natalidade ou das instabilidades da democracia. Em artigo à Folha de São Paulo, o jornalista Gilberto Dimenstein lembrou: "Vamos falar quase exclusivamente para o clube dos 20%, enquanto a maioria vai se encantar com os delírios embalados pelo marketing. Isso pela simples e óbvia razão de que, com baixa escolaridade, a democracia será sempre uma simulação de representatividade", ou seja, nos momentos decisivos esse problema se agrava".

A erradicação do analfabetismo funcional no Brasil é um processo longo mas extremamente cabível e recompensador. As medidas são óbvias e urgentes. Cabe a cada indivíduo denunciar uma 'democracia de papel', exigindo e ao mesmo tempo exercendo os deveres necessários para extirpar esse grave problema.

segunda-feira, 5 de abril de 2010

A grande final

Sinto uma vontade incontrolável de ler o livro que encomendei. Ele já deveria estar em minhas mãos, mas acabei de ser noticiada: a entrega vai atrasar um mês. Resta-me ver a final do BBB10. Não é preciso muito esforço para decifrar porque a rede Globo é a grande mandachuva da TV brasileira. Louvadamente tece qualquer paradigma e melodicamente nos apresenta sua face mais linda e gloriosa dia após dia, semana após semana, mês após mês. E quem resiste a tantas investidas?

É notável como pessoas se transformam em caricaturas, vidas em peças estrategicamente posicionadas. É preciso todo o dia uma jogada de mestre para deter a atenção dos telespectadores e deixá-los em xeque, afinal amanhã tem mais. Marcelo Dourado, lutador, mostrou-se arquiteto e desenhou seu próprio tabuleiro. Odiado por todos acabou aclamado por todos. É o grande favorito a abocanhar esse prêmio. O brasileiro vota hoje na redenção. Ogro tornou-se príncipe e é esse mesmo sentimento de credulidade que permite o país dormir, quem sabe até sonhar. A realidade choca, e onde obter refúgio? A maioria dos best sellers não tem final feliz. Eureca! Talvez seja por isso que o brasileiro não gosta de ler.

Ah! Record de votação! Mais uma vez a Globo venceu.

Dá cá o meu!

Adentramos 2010 com mais uma polêmica, essa agora protagonizada pelo Deputado Ibsen Pinheiro (PMDM/RS). Aproveitando o embalo do pré-sal (muitos brasileiros continuam à míngua do significado deste), a câmara aprovou a emenda Ibsen que prevê a distribuição dos royalties do petróleo entre todos os estados e municípios brasileiros. Logicamente, isso causou a fúria dos produtores, pois apenas o Rio de Janeiro perderia o equivalente a 7 bilhões de reais por ano. Fato que justificou a paralisação de sua capital através de uma grande passeata, embalada pelo apoio de artistas, estudantes, políticos e quem quisesse entrar nessa “festa”, afinal de contas, era ponto facultativo mesmo. O discurso do governador do Rio, Sérgio Cabral, colocou em xeque até mesmo a realização da copa do mundo. É, no país do futebol tudo é válido para conseguir maior apoio popular. Mas a grande questão a ser analisada é: Em que escala a aplicação dessa emenda afeta os estados produtores?

Os danos acarretados para os estados geograficamente localizados nas áreas de extração de petróleo devem ser corretamente avaliados. Inevitavelmente, haverá um avanço em massa de pessoas em busca de trabalho para tais localidades. Logo, uma grande infra-estrutura será necessária para dar suporte a esse súbito crescimento populacional. Isso se converte em melhorias nas estradas, nos hospitais, na educação, na segurança, na iluminação, nos esgotos, na segurança pública. E de onde virá esse dinheiro? A compensação financeira paga atualmente através dos royalties é de caráter indenizatório e de afetação. Nada mais justo, pois os recursos priorizam os impactos econômicos e ambientais causados. Se por exemplo, o Rio de Janeiro não recebe o dinheiro da exploração do minério do Pará, porque até os pampas gaúchos devem receber uma fatia dos royalties?

O ponto conflitante de toda essa discussão é que a Emenda Ibsen fere o parágrafo primeiro do artigo 20 da Constituição, que prevê compensação financeira aos estados e municípios que produzem o petróleo, seja na terra ou no mar, quando geograficamente confrontantes. Respaldado por essa inconstitucionalidade, o Presidente Lula (como grande diplomata que é), mantêm pacificamente sua posição em apoio ao congresso. Não queremos ver o “jeitinho brasileiro” escondido em obras superfaturadas em favor dos governadores dos estados produtores. Queremos tudo às claras, e o fundamental é exigir dos governadores a aplicação correta de tais recursos.